sexta-feira, 11 de novembro de 2011

RENÊ AMÉRICO


RECORDAÇÕES DE RENÊ AMÉRICO

O RENÊ AMÉRICO QUE CONHECI.
Por Fábio Americano

Renê, assim como Elvis, não morreu. Está em algum dos planos mentais superpostos, para onde certamente iremos em alguma data futura.  Vamos fazer chegar a ele nossos pensamentos de bem e sentimentos de gratidão aos bons momentos que desfrutamos com ele. Renê certamente vai recebê-los em seu sentir.

Sou daqueles que tem a convicção que a vida continua..., que a morte não existe e ponto. O que existe mesmo é uma transmigração, é como uma mudança. Sair de Dionísio e ir morar em Londres, ou BH, ou Uberlândia. Em Dionísio passo a ser somente recordação, mas estou vivo em outro local onde eu vou nascer ou renascer. Tudo na Criação é analógico, tudo nasce, cresce morre e renasce para eternizar.

Renê tinha uns poucos anos a mais do que eu, mas, que naquela década de 60 do anos 1900, fazia muita diferença. Eu vivia a difícil fase de descoberta e adaptação ao mundo entre a adolescência e a juventude e foi nestes tempos que convivi com Renê.

Era afilhado de meus pais e me recebeu em Dionísio com grande carinho e afeto quando voltamos de mudança para Dionísio depois de alguns anos residindo em Acesita. Tornou-se mais que um amigo, era uma espécie de referência: alegre, comunicativo e político; conhecia todos e a todos tratava com igualdade, tanto os colegas da rua como os simples e às vezes simplórios moradores das áreas rurais próximas a cidade. A todos Renê atendia no comércio do Cumpadre Landico, como meus pais chamavam o seu pai.

Renê era um dionisiano autêntico e presente em tudo que acontecia na cidade; futebol, vôlei, bailes, horas dançantes (os engoma cuecas como falava Adilson Rosa), casamentos, igreja, sempre com muita alegria, sempre tomando iniciativas. Tinha carisma e liderava em muitas situações. Fomos colegas na primeira turma formada no GEBA – Ginásio Estadual Benjamin Araújo no qual tínhamos como professoras as extraordinárias Maria Américo, Mercês, Shirley, Tana, Auxiliadora, também os professores Max, Pe. José Indio, e o Josué.


Tenho em minhas recordações alguns causos dele e vou relatar alguns.

QUE TERRINHA É ESSA?

Renê gostava de visitar sua madrinha (minha mãe), pois antigamente era assim. Não tínhamos TV , nem Internet e as vezes nem rádio. As famílias se visitavam e ainda existiam os bate papos dos cumpadres e cumadres nas portas das casas.

Como sempre havia o agrado com o cafezinho de rapadura, com os doces, bolos, broas e biscoitos feitos pela dona da casa. Neste dia, minha mãe que era exímia doceira, dentre outras prendas, oferece ao afilhado Renê um pires com arroz doce, sobre o qual salpicou canela em pó.

Renê ao receber aquela delícia, com os olhos brilhando de criança que recebe um agrado diz para a mamãe: “Madrinha, que terrinha é esta no doce? É prá comer esta terrinha também?



EITA FESTA BOA!

Em Dionísio, naquela época os velórios eram sinônimos de confraternização, para não dizer festa. Certos velórios eram esperados e principalmente os daqueles mais abastados que resistiam ao passar dos anos. A turma do velório era infalível, dentre os quais me recordo do Bita, Euzébio, Max, Pedro, Zezé de Jajá, o Zé Carlos e tantos outros que sempre estavam ao lado do Renê, que devia ter freqüência melhor nos velórios do que nas aulas do GEBA.

Velório tinha que ter comes e bebes e tinha os lanches, mas o principal atrativo para esta turma era mesmo a boa pinga. A birita rolava solta, e para esta galera, os tira gostos eram muito importantes. Como é natural, lá pelas tantas com o sangue mais contaminado pelo álcool, a turma se assanhava, ficava mais alegre na prosa sobre as namoradas, o futebol, os causos e claro as piadas, óbvio com todo respeito!.

Neste dia o velório era de uma criança que era me parece afilhado do Renê (era muito querido e tinha dezenas de afilhados) e a farra era grande, inclusive com a turma brincando de esconder a lingüiça frita servida de tira gosto dentro do caixão do defuntinho. O tira gosto estava rareando; quando saía a lingüiça alguns dos bebuns colocava a lingüiça no caixão pois ali ela ficava protegida dos mais preconceituosos e medrosos.


Este era o clima do velório, na mais descontraída alegria fúnebre (descobri uma alegria diferente que existiu em Dionísio).

Lá pelas quatro e meia da manhã o nosso herói Renê, já bastante chapadinho chega para sua cumadre e diz: Cumadre, a festa tá muito boa mas eu to cansado, vou dá uma chegadinha em casa para uma durmidinha, mas volto logo, volto logo.





UTILIDADE PÚBLICA: DESODORANTE BOM E BARATO

Agora algo de extrema utilidade que aprendi com Renê.
Nesta época ele tomava conta da venda do Cumpadre Landico; estava sempre por lá e eu quando nada tinha para fazer ia prosear com Renê, já que o movimento do comércio na megalópole Dionísio não era lá essas coisas. O único horário que eu evitava as vendas (tinha a do Nelson Ulhôa, onde trabalhava o Miltinho), era a hora do rush, quando os trabalhadores apareciam para fazer suas compras e tomar suas pingas.

Renê era mais descendente legítimo dos macacos do que eu certamente, pois tinha um corpo relativamente franzinho coberto de pelos. Tinha barba muito cerrada e sofria para se barbear naquele tempo da Gillete Azul. “Faço a barba todo dia com Gillete Azul”, a turma antiga deve se lembar.

Um dia quando chego lá ele estava acabando de se barbear e usando álcool como loção após barba. Perguntei-lhe porque o álcool e ele me contou o seguinte.
“Antes eu usava loção, depois mudei porque descobri que o álcool é a melhor loção e o melhor desodorante.”

Perguntei: Desodorante?

Renê continua: “Eu tava num cecê danado, e o desodorante não estava resolvendo e pior , eu tenho alergia a maioria dos desodorantes que experimento, que provocam inflamação nos poros dos cabelos do meu “subaco” (entenda subaco, como suvaco e naquele tempo não tinha axila, em Dionísio era subaco) . Alguém me ensinou a usar álcool puro no lugar do desodorante. Foi batata! Adeus cecê, adeus inflamação. Além disto é barato. Depois passei a experimentar o alcool em outras coisas e como loção após barba, arde bastante mas funciona também.”

Conclusão: até hoje uso álcool como desodorante; eu também tenho alergia a desodorantes, porque eles em sua maioria tem como princípio o fechamento do poro para evitar o suor. Uso o álcool com desodorante, para algum tipo de micose na pele, e para qualquer anormalidade que me aparece nas unhas. Nas unhas também é batata!

Se alguém tiver com unheiro ou cecê siga o conselho de meu amigo Renê!

OBSERVAÇÃO: Achamos para comprar dezenas de marcas de álcool, a maioria dos baratos é água pura, se for usar use um de boa qualidade, porque depois se não funcionar você vai querê colocar a culpa no Renê.


ALBUM ESPECIAL DO RENÊ AMÉRICO
MOMENTOS


Com o inseparável amigo Zezé de Jajá.






























ALBUM ESPECIAL DO RENÊ AMÉRICO
NO DIONISIANO ESPORTE CLUBE







ALBUM ESPECIAL DO RENÊ AMÉRICO
NO GEBA - GINÁSIO ESTADUAL BENJAMIN ARAÚJO












5 comentários:

  1. Ilkeline de Paula (Coura Araújo)11 de novembro de 2011 às 15:00

    Linda homenagem!

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  2. Linda mesmo, mas que mericida..Vai fazer muita falta...

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  3. Prezado Fabio Americano, sou o Orlando (sobrinho do Renê e neto de Landico)e resido em Itabira.
    Gostaria de parabenizá-lo pela iniciativa do blog e pelo carinho da merecida homenagem. Renê sempre foi um grande companheiro da família e dos amigos.
    Confesso que também me emocionei ao recordar nas fotos tantas pessoas queridas!
    Passarei a acompanhar o site.

    Obrigado por acalentar os corações da família Américo neste momento de dor!

    Abraço,
    Orlando.

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  4. Oi Fábio, só hj tive coragem de ler o texto. Estamos muito tristes com a partida inesperada de um tio muito querido. Ele sempre contava casos de Dionísio e queria saber notícias dos amigos. A cada dia que passa tenho certeza que ele foi muito feliz por aqui, e continuava o mesmo que vc descreveu: alegre, brincalhão e sempre com alguma história prá contar. Obrigado pela homenagem. Luciane (filha de Saulo e Fiinha)

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  5. De que ano são estas fotos?

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