quinta-feira, 22 de setembro de 2016

1966-2016 GEBA - Conceição Perdigão

AOS EX COLEGAS E AINDA AMIGOS,
 1ª TURMA DE FORMANDOS DE 8ª SÉRIE DO GEBA - 1966.

Conceição Perdigão em 17 setembro 2016.

             Existem pessoas em nossas vidas que nos deixam felizes pelo simples fato de terem cruzado o nosso caminho.

        Algumas percorrem ao nosso lado, vendo muitas luas se passarem, mas outras apenas vemos entre um passo e outro. A todas elas chamamos de amigos.

          É mesmo, há muitos tipos de amigos.

        Talvez uma folha da árvore caracterize um deles.

        O primeiro, que nasce do broto, é o amigo pai e / ou a mãe.  Mostram o que é ter vida.

       Depois vem o amigo irmão, com quem dividimos o nosso espaço, para que ele floresça como nós.

         Passamos a conhecer toda a família como as folhas, as quais respeitamos e desejamos o bem. Mas o destino nos apresenta outros amigos, que não sabíamos que iam cruzar o nosso caminho. Muitos desses, denominados amigos do peito, do coração. São sinceros, são verdadeiros e nos trazem muitas alegrias.                                                                                                                                                    
        Também há aqueles amigos por um tempo, talvez umas férias ou mesmo por um dia ou por hora. Esses costumam colocar muitos sorrisos na nossa face, durante o tempo em que estamos perto.

         Não podemos nos esquecer dos amigos distantes. Aqueles que ficam nas pontas dos galhos, mas que quando o vento sopra, sempre aparecem novamente entre uma folha e outra. Algumas folhas nascem num outro verão e outras permanecem por muitas estações.

         Vocês queridos amigos, são assim: são folhas que brotaram na árvore da minha vida em 1965, quando para Dionísio vim, iniciar meus estudos na 7ª série e onde morei até dezembro de 1966, quando concluí a 8ª série.

         Amigos, vocês são folhas que permanecem por muitas estações. Participaram comigo de parte da minha juventude nos anos dourados. Na época, vivi o que hoje guardo como minhas melhores lembranças.

         No dia a dia, no balanço das nossas tenras folhas, fizemos footings na praça a noite; fomos a horas dançantes; ouvimos serenatas que nos arrancaram suspiros e nos fizeram debulhar em lágrimas; demos mergulhos no poção; tivemos a doce irresponsabilidade de apertar campainhas das casas e sairmos em carreira pelas ruas; jogamos vôlei; sorrimos; cantamos; flertamos; namoramos; amamos; beijamos; choramos; estudamos; colamos; rezamos... e como rezamos, para nos sairmos bem nas provas, principalmente as de português da Mª Américo, matemática do Max e francês do Josué.

         Alguns colegas faziam de tudo para se dar bem com as notas: uns faziam média com os professores, outros eram super quietinhos, outros corteses e outros faziam colas. Colas e mais colas. Colávamos onde podíamos: nas coxas... e que coxas! (tinham colegas que se perdiam ao fazer a prova só por olhar para as belas pernas de “certas colegas”). Colávamos nas mãos, que suadas... apagavam tudo, colávamos dos livros, dos cadernos e das carteiras.

Corríamos para chegar a escola, ainda aquele grupo de latão, antes de D. Nazinha fechar o portão e ouvirmos os chingos do Pe. Zé índio. Nós meninas e meninos com nossos uniformes bem passadinhos. As meninas com blusas brancas, saia azul marinho pregueadas e sapatos pretos e meias pretas. Os meninos com as calças e seus casacos caqui, sapatos e meias... impecáveis. Como éramos elegantes e bonitos. Jovens sempre são bonitos.

Busco em minhas lembranças e sinto saudades daquelas carinhas curiosas, matreiras, interrogativas e felizes. Agora, mais maduros, ainda somos folhas viçosas e bonitas... apesar de algumas nervuras ressecadas.

Merecidamente, em 1966, nossa árvore recebeu um lugar de destaque no espaço do GEBA. Concluímos nosso 1º tempo de estudos, o 1º grau. Fomos a primeira árvore a concluir a 8ª série, plantada nos anais da história daquele educandário.

Pois é....O tempo passa, um verão se vai, um outono se aproxima. Perdemos algumas de nossas folhas, todas elas fundamentais para a composição da copa do arvoredo da minha, da nossa vida.

Colegas, a todos vocês folhas da minha árvore, meu carinho, meu agradecimento por me darem força e esperança de, regados pelas lembranças, fincar raízes neste solo e novamente sob ventos auspiciosos nos reencontrarmos, fortalecidos pelo tempo e experiências.

A vocês funcionários e professores do GEBA: presentes, ausentes e in-memoriam, fortes folhas de nossa árvore, a eterna gratidão por tudo que nos proporcionaram com seus trabalhos e paciência incansáveis.

A todos que fizeram e fazem parte da minha árvore, que possamos continuar alimentando a nossa raiz com alegria através das lembranças de momentos maravilhosos que compartilhamos, enquanto floresceu em nosso caminho. A presença de vocês ficará guardada hoje e sempre, simplesmente porque “As pessoas entram em nossa vida por acaso, mas não é por acaso que elas permanecem”. “Cada pessoa que passa em nossa vida é única. Sempre deixa um pouco de si e leva um pouco de nós”.

Milton Nascimento canta: “Amigo é coisa pra se guardar... do lado esquerdo do peito”. Esta é a maior responsabilidade de nossa vida e a prova evidente de que as pessoas não se encontram por acaso.



Obrigada!
Conceição Perdigão

Um comentário:

  1. Parabéns aos organizadores, esse encontro, com certeza, foi ótimo!
    Minha comadre sempre nos emocionando com as palavras, parabéns Ção!!!
    Abraços,
    Filipe Morais

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