PATRONO DA CADEIRA NÚMERO 86 DO IHGMG
Daniel Serapião de Carvalho nasceu em Itabira, então Itabira do Mato
Dentro, em 9 de outubro de 1887 e faleceu no Rio de Janeiro, em 30 de março de
1966. Filho do Dr. Antônio Serapião de
Carvalho, e de D. Anna Utsch de Carvalho. Seu pai, Antonio Serapião de
Carvalho, foi o primeiro juiz nomeado para a comarca do recém emancipado
município de São Domingos do Prata em 1890 ao qual o então distrito Dionísio
foi incorporado deixando de pertencer a Itabira. Daí o entendimento que parte a
primeira infância de Daniel tenha sido vivida em São Domingos do Prata.
Quando estudante Daniel de Carvalho se dedicou ao jornalismo e ao
magistério para custear os próprios estudos, pois mesmo sendo filho de um Juiz
de Direito, pertencia a uma família muito numerosa. Trabalhou no jornal O
Estado de Minas, que chegou a dirigir e foi redator da Tribuna do Norte e do
Diário de Notícias.
Ingressou no serviço público, em 1907, por indicação do presidente João
Pinheiro, indo ocupar um cargo de amanuense (copista), na Secretaria de
Agricultura, onde por reconhecimento de sua competência recebeu várias
promoções até alcançar a chefia do órgão após bacharelar-se em 1909, pela
Faculdade de Direito de Belo Horizonte.
Em 1912 foi convidado e nomeado pelo então Ministro Francisco Salles para
a Inspetoria no Ministério da Fazenda, no Rio de Janeiro. De volta a Minas
Gerais, em 1914, trabalhou no Gabinete do Secretário Raul Soares. Por ocasião
do litígio territorial entre Minas Gerais e Espírito Santo, foi nomeado
interventor civil na região contestada. Em 1916, representou Minas junto ao
governo de São Paulo na questão de limites entre os dois estados.
Em 1920 foi convidado por Raul Soares, então ministro da Marinha
(1919-1920), para a assessoria daquele ministério.
Elegeu-se Deputado Estadual, em 1922, porém, renunciou a seu mandato para
assumir, ainda neste mesmo ano, a Secretaria de Agricultura, Viação e Obras
Públicas. Durante sua gestão, realizou obras para a navegação no rio São
Francisco, construiu em Viçosa a Escola Superior de Agricultura, iniciou a
construção das primeiras estradas de rodagens, e das primeiras pontes de
concreto do Estado de MG, reaparelhou a Rede Mineira de Viação e produziu o
Plano da Nova Divisão Administrativa do Estado.
Foi eleito Deputado Federal para o período de 1927 / 29 e distinguiu-se
nos debates parlamentares sobre a política financeira do governo federal. Foi
reeleito Deputado Federal em 1930, participando intensamente da Revolução neste
mesmo ano e tornando-se um dos nomes mais conhecidos e respeitados no meio
político do Estado. Em 1933 foi eleito
deputado por Minas Gerais à Assembleia Nacional Constituinte.
Foi consultor jurídico da Comissão Preparatória do Plano Siderúrgico
Nacional, que antecedeu a instalação da usina de Volta Redonda em janeiro de
1941, e em seguida, foi designado diretor-secretário da Companhia Siderúrgica
Nacional.
Foi eleito para a Assembleia Constituinte de 1946 e nesse mesmo ano
assumiu a presidência do Instituto Brasileiro de Educação, Ciência e Cultura, órgão
vinculado à Organização das Nações Unidas e Unesco. Na Constituinte, trabalhou na
Comissão de Finanças e principalmente no capítulo da Constituição relativo ao
orçamento. Também defendeu a mudança da capital da República para o Brasil
Central.
No governo do Marechal Dutra assumiu o Ministério da Agricultura e marcou
a sua gestão com importantes realizações como a promoção da moto mecanização da
lavoura, a difusão pelo país de pequenos estabelecimentos para contato direto
com o agricultor, o fomento à cultura do trigo, fixação e regulamentação da
rede de estabelecimentos de ensino agrícola no Brasil, criação do primeiro
centro de treinamento para mecânicos agrícolas e organizou a Companhia
Hidroelétrica do São Francisco, criando o Parque Nacional de Paulo Afonso, dentre
outras.
Voltou à Câmara dos Deputados, para cumprir mais dois mandatos
parlamentares, em 1950.
Despediu-se da vida pública em 1956, e deixou aflorar a figura do jurista
e professor na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro e na Faculdade
Nacional de Ciências Econômicas.
Foi presidente da Companhia Construtora Meridional S.A., do Banco
Industrial de Minas Gerais S.A. e do Instituto de Economia da Associação
Comercial do Rio de Janeiro. Consultor jurídico do Conselho da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB); membro do Instituto dos Advogados Brasileiros, da
Sociedade de Geografia, do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, da
Sociedade Mineira de Agricultura. Foi grande acionista da Companhia Nacional de
Gás Esso.
Foi casado com Alice Mibielli de Carvalho e tiveram quatro filhos:
Fernando, Alberto, Paulo, Pedro Afonso, todos Mibielli de Carvalho.
Entre as principais obras que publicou, destacam-se:
Notícia histórica sobre
o algodão em Minas Gerais - 1916 - BH
O convênio entre
Minas e São Paulo – 1917 - BH;
Traços de uma grande
vida: Teófilo Otoni, campeão da liberdade -1934 – RJ
Discursos e
Conferências – 1941 - 1947 – 1948 - 1949 – RJ
A missão da
Professora – 1942 – RJ
Estudos de Economia
e Finanças – 1943 – RJ
Atividades no
Ministério da Agricultura de 1946-1950 – 1951
Estudos e
Depoimentos - RJ
Formação histórica
de Minas Gerais -1956
Capítulos de
memórias - 1957
Memórias de outros
tempos - 1961
Os caminhos antigos
de Minas Gerais.
Fonte: Centro de Pesquisa e Documentação da
História da Fundação Getúlio Vargas
Trabalho
assinado por Silvia Pantoja e arquivos do IHGMG.
Prezado Fábio, gostei desta página sobre meu ilustre Xará, Daniel Serapião de Carvalho, pai de meu particular amigo e Companheiro Leão Pedro Affonso Mibielli de Carvalho. Meu Xará foi um cidadão brasileiro que devia ter ficado para semente, como homem de ação e político da melhor qualidade. Infelizmente, o que se vê hoje, na classe política deste País, com as honrosas exceções,é algo que nos deprime e desencanta. A malta de de aventureiros que conseguiram alçar ao poder, avacalhando tudo em proveito próprio, numa caudal de corrupção jamais vista no País, é de estarrecer! Parece que os apaniguados do Lula e da Dilma só tinham tempo para descobrir uma nova "boca" (tipo Banco do Brasil, Caixa Econômica, Petrobrás, BNDS.etc) para a ladroeira, cujos frutos se repartiam entre os próprios agentes das falcatruas (da fauna dos genuínos, delúbios, dirceus, cerverós,valérios e vacários) e os "salvadores da Pátria", corruptos e sem vergonha, que abocanharam a sua parte, para se perpetuarem no poder. A democracia é, sim, excelente forma de governo para qualquer nação que atingiu a maturidade da cidadania. Infelizmente, essa opção de governo entre nós permitiu descalabros inomináveis e tem servido de "escudo" a políticos, mais que incompetentes, desonestos, que merecem a forca... Nefasta foi a atuação do PT, no comando da administração pública do Brasil. Além disso o PT ainda prostituiu do PMDB, para uma escalada de corrupção nunca vista. Santo Deus! Será que os salafrários não sabiam que um dia tudo isso podia estourar?
ResponderExcluirMas entrei nesse site porque me lembrei de duas passagens curiosos narradas pelo nosso saudoso amigo Alberto Deodato, que foi oficial de gabinete do meu elegante Xará, então Secretário da Agricultura.Numa solenidade em importante cidade do interior, o auxiliar do Secretário foi por este censurado, por não ter-lhe lembrado de trazer a gravata... Resposta: Senhor Secretário, sou seu chefe de gabinete, e não valet de chambre...
Outro caso: A Secretaria da Agricultura, para combater a praga dos curuquerés e lagartas rosadas que estavam dizimando os algodoais no Norte de Minas, pediu as Prefeituras da região que mandassem amostras dos bichinhos para uma análise científica de sua evolução. Pois bem, reunidos os técnicos no gabinete do Secretário, com as janelas abertas, quando abriram as caixinhas as larvas, já com azas,se esvoaçaram ruidosamente, ganhando a liberdade para infestar o resto do Estado...
Seu nome está imortalizado no livro:"Figuras Notáveis de Minas Gerais", cuja publicação da Editora MAI, é de 1973. Em 10 de Outubro de 1987 foi publicado no Estado de Minas um artigo intitulado "Centenário de Daniel de Carvalho: A Estrela de Um Homem Público". A genealogia da família Utsch (do seu lado materno) foi organizada pelo polígrafo Sr.Luiz Gonzaga Nunes.
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